maio 06, 2012

Tempos

Ando, já não sei por onde.
Olho, já não sei para o quê.
Rindo, já não sei se ando.
Vivo, já não sei em que tempo.

Anos plúmbeos ainda são de chumbo.
Anos dourados, já não são dourados.
A Belle Epóque, já não é tão bela.
O preto e o branco já não estão na tela.

Dizem que vivemos em anos a cores.
Dizem que vivemos sob mantos limpos.
Dizem que vivemos em dias plácidos.
Embora só o que vejo são olhares opacos.

Olhares trôpegos, o bêbo têm.
A mente firme, os loucos também tem.
De pudor formado, a puta ainda jaz.
Com dignidade, José já não faz.

Nesse tempo em que Chico vive,
Se ele é mesmo filho da outra,
Sem vergonha atrás não vai,
Daquela porca que nunca soube andar, Pai!

Se você sonha com dias melhores,
Nesses tempos não irão existir.
Se queres saber para onde fugir,
Desça sete palmos para com os vermes co-existir.

Anos de chumbo, já não são mais impar
Anos dourados, enterrando-se estão.
A sua Belle Epóque se esconde no vão.
Pelo preto, domados estamos.

Assim termino uma construção
Cujas cores a revesti-la estão,
Cujas cores a ocultar estar,
O negro escondido sob esses "tempos"
Esses vulgos "tempos celestes".



                                                                                                     Eduardo Mulato do Vale

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